Era tarde e chovia torrencialmente em São Paulo. Diversos focos de alagamento anunciavam congestionamentos e vias intransitáveis na manhã seguinte. Seria uma terça-feira difícil.
Àquela hora o centro da cidade estava praticamente deserto. Um frio incomum para o mês de novembro seguira o temporal, obrigando as pessoas a se refugiarem no calor de suas casas. Mesmo os mendigos haviam desaparecido, lotando abrigos e os albergues da prefeitura.
Quem se atrevesse pelas ruas do centro velho se depararia com uma cena bastante improvável: Em pé sobre o parapeito de um viaduto, alguém ignorava a chuva e o vento cortante sobre sua pele nua. Uma figura feminina, de alguma espécie quase humana. Seu corpo envolto por um véu na forma de espirais de fumaça escura e densa que nunca se dissipava, apesar da tempestade. Concentrada, não se deixava distrair pelas formas que os espíritos desenhavam na chuva para confundi-la. Sentia o ar, procurava por alguém... Mas foi algo inesperado que encontrou, rastejando através do breu da noite.
Com os portões dos mundos abertos, era inevitável que os outros aparecessem. Ela só não esperava por um verme escondido nas trevas. Patético! Seria um invasor de sonhos qualquer? Talvez nem sequer fosse capaz de encontrar o humano sozinho. Ela não se preocuparia com aquilo agora. Havia algo diferente nas correntes de ar, um traço sutil do cheiro adocicado do sangue daquele nascido em Tenébria roçava suas narinas. O sangue de seu senhor, a quem ela tanto buscava. Tentava avidamente rastreá-lo entre os odores de toda uma cidade, quando foi surpreendida por um olho medonho que se abriu no vazio da escuridão, terrivelmente fixo na direção dela. Um ladrão de almas! Aquilo era perigoso demais à noite, ela precisava sair dali.
Sem perder o rastro do sangue, saltou do alto do viaduto na direção mais iluminada que encontrou. Afastar-se das sombras era vital, talvez sua única chance naquele momento.
Àquela hora o centro da cidade estava praticamente deserto. Um frio incomum para o mês de novembro seguira o temporal, obrigando as pessoas a se refugiarem no calor de suas casas. Mesmo os mendigos haviam desaparecido, lotando abrigos e os albergues da prefeitura.
Quem se atrevesse pelas ruas do centro velho se depararia com uma cena bastante improvável: Em pé sobre o parapeito de um viaduto, alguém ignorava a chuva e o vento cortante sobre sua pele nua. Uma figura feminina, de alguma espécie quase humana. Seu corpo envolto por um véu na forma de espirais de fumaça escura e densa que nunca se dissipava, apesar da tempestade. Concentrada, não se deixava distrair pelas formas que os espíritos desenhavam na chuva para confundi-la. Sentia o ar, procurava por alguém... Mas foi algo inesperado que encontrou, rastejando através do breu da noite.
Com os portões dos mundos abertos, era inevitável que os outros aparecessem. Ela só não esperava por um verme escondido nas trevas. Patético! Seria um invasor de sonhos qualquer? Talvez nem sequer fosse capaz de encontrar o humano sozinho. Ela não se preocuparia com aquilo agora. Havia algo diferente nas correntes de ar, um traço sutil do cheiro adocicado do sangue daquele nascido em Tenébria roçava suas narinas. O sangue de seu senhor, a quem ela tanto buscava. Tentava avidamente rastreá-lo entre os odores de toda uma cidade, quando foi surpreendida por um olho medonho que se abriu no vazio da escuridão, terrivelmente fixo na direção dela. Um ladrão de almas! Aquilo era perigoso demais à noite, ela precisava sair dali.
Sem perder o rastro do sangue, saltou do alto do viaduto na direção mais iluminada que encontrou. Afastar-se das sombras era vital, talvez sua única chance naquele momento.