— Continente? — Rafael ostentava um quê de deboche e indignação ao repetir o que o outro havia dito com indiscutível naturalidade.
Oldor demonstrou indiferença à provocação do rapaz. Levantou-se de seu banco para tirar a água borbulhante do fogo, o que fez após apanhar duas canecas de louça aparentemente muito bem conservadas em um armário e tê-las posto sobre a mesa. Em seguida, encheu-as com a água e adicionou uma folha pequena de erva-de-bugre a cada uma.
— Este lugar onde estamos agora já foi um posto de parada um dia. O último antes da fronteira — disse enquanto voltava a se sentar com uma careta de dor, seus músculos e ossos envelhecidos cobrando o preço por cada movimento mais brusco. — Em algum lugar ao norte daqui havia um caminho para o país de onde você veio e um posto, semelhante a esse, já do seu lado do mundo. Mas isso foi há muito tempo... Se é que foi mesmo.
— Do que você está falando?
— Qual é seu nome de família? — Oldor pareceu não ter ouvido a pergunta, compenetrado de súbito em algum pensamento.
— de Almeida Carvalho — Rafael respondeu, desconcertado.
— Carvalho... — o anão se interessou. Soltou uma longa baforada de fumaça e tirou o cachimbo da boca.
— É, um sobrenome comum.
— Diga-me — Oldor se encurvou na direção de Rafael, seu rosto se iluminando cadavericamente como o de um contador de histórias de terror ao redor de uma fogueira com a proximidade da luz da esfera —, como seu pai se chama? E seu avô? Bisavô?
— Meu pai se chama André, o pai dele, Hermes, o pai da minha mãe--
— Hermes! — o anão ergueu um pouco a voz, alarmando Rafael com a mudança repentina. Então se pôs a rir até que uma tosse seca o fez parar. Rafael se perguntava o que o nome de seu avô poderia significar para um alienado feito aquele.
— Agora começa a fazer sentido! — Oldor fitava Rafael com um misto de admiração e pena. O tempo não poupa ninguém, e coube ao neto de Hermes o fardo de devolver o orbe a Tenébria.
Oldor demonstrou indiferença à provocação do rapaz. Levantou-se de seu banco para tirar a água borbulhante do fogo, o que fez após apanhar duas canecas de louça aparentemente muito bem conservadas em um armário e tê-las posto sobre a mesa. Em seguida, encheu-as com a água e adicionou uma folha pequena de erva-de-bugre a cada uma.
— Este lugar onde estamos agora já foi um posto de parada um dia. O último antes da fronteira — disse enquanto voltava a se sentar com uma careta de dor, seus músculos e ossos envelhecidos cobrando o preço por cada movimento mais brusco. — Em algum lugar ao norte daqui havia um caminho para o país de onde você veio e um posto, semelhante a esse, já do seu lado do mundo. Mas isso foi há muito tempo... Se é que foi mesmo.
— Do que você está falando?
— Qual é seu nome de família? — Oldor pareceu não ter ouvido a pergunta, compenetrado de súbito em algum pensamento.
— de Almeida Carvalho — Rafael respondeu, desconcertado.
— Carvalho... — o anão se interessou. Soltou uma longa baforada de fumaça e tirou o cachimbo da boca.
— É, um sobrenome comum.
— Diga-me — Oldor se encurvou na direção de Rafael, seu rosto se iluminando cadavericamente como o de um contador de histórias de terror ao redor de uma fogueira com a proximidade da luz da esfera —, como seu pai se chama? E seu avô? Bisavô?
— Meu pai se chama André, o pai dele, Hermes, o pai da minha mãe--
— Hermes! — o anão ergueu um pouco a voz, alarmando Rafael com a mudança repentina. Então se pôs a rir até que uma tosse seca o fez parar. Rafael se perguntava o que o nome de seu avô poderia significar para um alienado feito aquele.
— Agora começa a fazer sentido! — Oldor fitava Rafael com um misto de admiração e pena. O tempo não poupa ninguém, e coube ao neto de Hermes o fardo de devolver o orbe a Tenébria.